6 de mai. de 2012

Autismo: Fato e mito - Por Jaime Lin

Saiba Mais: A neuropediatria e a prevenção de acidentes

Existe um predomínio de crianças do sexo masculino com transtorno do espectro autista?

Sim. Na grande maioria das séries de crianças com transtorno do espectro autista, estudadas, nota-se uma predominância de crianças do sexo masculino.
Essa predominância chega a quatro meninos para cada menina quando consideramos casos de autismo clássico, podendo chegar a onze meninos para cada menina quando ampliamos o espectro diagnóstico para a presença de sintomas autistas.
Essa predominância masculina ainda não pode ser completamente explicada entretanto existem diversas teorias que poderiam ser aplicadas, nos estimulando ainda mais a estudar esse tema tão fascinante.

Teoria do cérebro Empatizante-Sistematizante:
Em tese, existem diferenças entre o cérebro masculino e feminino. Acredita-se que o cérebro feminino seja "empatizante" (tendendo a empatia, a identificação e resposta aos sentimentos de outras pessoas) enquanto que o cérebro masculino seria "sistematizante" (seria um cérebro mais analítico, tendendo a um sistema baseado em regras.
Enquanto sociólogos ainda debatem se existe realmente essa diferenciação entre o cérebro masculino e feminino, estudos realizados por Baron-Cohen et al em 2003 e 2004 mostram que indivíduos do sexo feminino apresentam scores mais elevados em testes de Quociente de Empatia enquanto que indivíduos do sexo masculino apresentam scores mais elevados em testes de Quociente de Sistematização. Pacientes com transtorno do espectro autista, teriam scores ainda mais elevados no Quociente de Sistematização e ainda mais baixos no Quociente de Empatia.
De acordo com essa teoria, então, o transtorno do espectro autista seria uma "masculinização" do cérebro. Criando uma teoria conhecida como: Teoria do cérebro masculino ao extremo"
Isso explicaria a maior prevalência do autismo em indivíduos masculinos. Mas o que poderia levar a isso?

Teoria da testosterona fetal:
Indivíduos do sexo masculino experimentam três fases de exposição a testosterona. Uma primeira fase entre dois e seis meses de idade gestacional, uma segunda fase nos primeiros seis meses de vida e uma terceira e última fase na adolescência (no período puberal). Os transtornos do espectro autista estariam relacionados a uma maior exposição à testosterona fetal.
Níveis de testosterona fetal podem ser detectados no líquido amniótico, sendo que existem estudos que podem corroborar com a teoria de que indivíduos com transtorno do espectro autista recebem maior exposição à testosterona fetal.
Em estudos realizado por Knickmeyer et al; e Chapman et al demonstraram que fetos expostos a níveis mais elevados de testosterona apresentavam menos contato visual com 12 meses de vida, menor qualidade de interação social aos 48 meses de vida e um padrão de interesses mais restritos com 96 meses de vida. Todos esses sintomas, como já sabemos, compatíveis com o transtorno do espectro autista.
Essas teorias, de forma alguma são definitivas, porém podem indicar caminhos para estudos futuros.

Existe relação entre autismo e imunizações (vacinas)?

Existiu durante anos uma preocupação generalizada acerca da existência de uma potencial relação entre vacinas e o autismo. Essa crença, se deve talvez ao fato de que os primeiros sintomas de autismo são notados por volta dos primeiros dois anos de idade, idade na qual são administradas diversas vacinas, como por exemplo, as vacinas contra rubéola, sarampo etc.
Múltiplos estudos realizados por Chen et al. 2003; Dales et al. 2001; Fombonee et al. 2001; Kaye et al. 2001 e Madsen et al. 2004 demonstraram que não existe aumento do risco de autismo relacionado a vacinação.
Em conclusão, isso é um mito, que de uma forma, algo irresponsável, fez com que vários pais fossem contra as recomendações pediátricas de imunização.

Referências:

1) Baron-Cohen S, Wheelwright S (2004) The Empathy Quotient (EQ). An investigation of adults with Asperger Syndrome or High Functioning Autism, and normal sex differences. J Autism Dev Disord 34: 163–175.

2) Baron-Cohen S, Richler J, Bisarya D, Gurunathan N, Wheelwright S (2003) The Systemising Quotient (SQ): an investigation of adults with Asperger Syndrome or High Functioning Autism and normal sex differences. Philos T Roy Soc B 358: 361–374.

3) Knickmeyer R, Baron-Cohen S, Raggatt P, Taylor K (2005) Foetal testosterone, social cognition, and restricted interests in children. J Child Psychol Psych 46: 198–210.

4) Chapman E, Baron-Cohen S, Auyeung B, Knickmeyer R, Taylor K, et al. (2006) Foetal testosterone and empathy: evidence from the Empathy Quotient (EQ) and the 'Reading the Mind in the Eyes' Test. Soc Neurosci 1: 135–148.

5) Knickmeyer R, Baron-Cohen S, Raggatt P, Taylor K, Hackett G (2006) Foetal testosterone and empathy. Horm Behav 49: 282–292.

6) Swaiman KF, Ashwal S, Ferriero DM, Schor NF. Swaiman's Pediatric Neurology: Principles and Practice. 5a edição. Elservier

retirado do site: http://jaimelin.com.br/saiba-mais-autismo-fato-e-mito/

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