Entenda o TDAH nos critérios do DSM-V
Escrito por ABDA
O que mudou no
diagnóstico do TDAH com a nova edição do DSM-V, o Manual de
Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais
Escrito pelo Prof. Dr. Paulo
Mattos
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mestre e Doutor em Psiquiatria e Saúde Mental
Pós-doutor em Bioquímica
Presidente do Conselho Científico da ABDA
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mestre e Doutor em Psiquiatria e Saúde Mental
Pós-doutor em Bioquímica
Presidente do Conselho Científico da ABDA
Professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mestre e Doutor em Psiquiatria e Saúde Mental
Pós-doutor em Bioquímica
Presidente do Conselho Científico da ABDA - See more at: http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/item/331-o-mito-do-tdah-como-entender-o-que-voc%C3%AA-ouve-por-a%C3%AD.html#sthash.SUuMUkz0.dpuf
Mestre e Doutor em Psiquiatria e Saúde Mental
Pós-doutor em Bioquímica
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O chamado “DSM”,
Manual de Estatística e Diagnóstico da Associação Americana de
Psiquiatra, teve a sua quinta edição lançada no congresso de
psiquiatria, ocorrido em São Francisco, em maio de 2013.
O seu planejamento
começou muitos anos antes, em 1999, quando uma série de
colaborações delineou as questões que precisavam ser mais bem
esclarecidas na então vigente quarta edição, DSM-IV, sempre
através de pesquisas científicas. Uma segunda fase, entre 2003 e
2008, compreendeu 13 conferências internacionais com os maiores
especialistas de cada uma das diferentes áreas (transtornos
infantis, transtornos de ansiedade, dependência de drogas, doenças
degenerativas, etc.), incluindo o TDAH. A confecção do DSM-V
envolveu os chamados Grupos de Trabalho, Grupos de Estudo e as
chamadas Forças-Tarefa, a quem coube a maior parte da revisão dos
critérios diagnósticos que constituem o manual. Parte do trabalho
realizado por todos estes pesquisadores será utilizada na confecção
da CID-11, a futura versão da Classificação Internacional de
Doenças proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é
a referencia oficial para diagnósticos na maioria dos países do
mundo, incluindo o Brasil. O Professor Luis Rohde, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, fez parte da equipe responsável pelo
TDAH. Cerca de 300 consultores internacionais foram ouvidos, além
de milhares de comentários postados no site por médicos
especialistas e não especialistas, pacientes e familiares, além
das associações de pacientes.
Alguns diagnósticos
psiquiátricos pouco ou nada mudaram na quinta edição, outros se
modificaram de modo significativo; alguns diagnósticos novos foram
propostos e outros foram abandonados. No caso do TDAH, foram poucas
as modificações.
A lista de 18
sintomas, sendo 9 de desatenção, 6 de hiperatividade e 3 de
impulsividade (este dois últimos computados conjuntamente)
permaneceu a mesma que na edição anterior. O ponto-de-corte para o
diagnóstico, isto é, o número de sintomas acima do qual se faz o
diagnóstico, também permaneceu o mesmo (6 sintomas de desatenção
e/ou 6 sintomas de hiperatividade-impulsividade). No caso de
adultos, este número passou para 5 sintomas, o que é um novo
critério. A lista de sintomas de desatenção e
hiperatividade-impulsividade compreende o critério A. Todos estes
sintomas, para serem considerados clinicamente significativos, devem
estar presentes pelo menos durante 6 meses e serem nitidamente
inconsistentes com a idade do indivíduo (ou seja, ser muito mais
desatento ou inquieto do que o esperado para uma determinada idade).
A necessidade de haver
comprometimento em pelo menos duas áreas diferentes (casa e escola,
por exemplo), critério C, permaneceu como antes. A necessidade de
haver claro comprometimento na vida acadêmica, social,
profissional, etc. (critério D), também permaneceu idêntica.
O critério E se
modificou em relação à DSM-IV. Antes, não era possível fazer o
diagnóstico de TDAH caso houvesse um quadro de Autismo, o que agora
é possível. Entretanto, permanecem as exigências de os sintomas
não ocorrerem exclusivamente durante outro quadro (esquizofrenia,
por exemplo) e não serem mais bem explicados por outro transtorno
(ansiedade e depressão, por exemplos).
O critério B, que
determina a idade de início dos sintomas, também se modificou.
Anteriormente, era necessário demonstrar que os sintomas estivessem
presentes antes dos 7 anos de idade, o que era particularmente
difícil no caso de adultos com TDAH que geralmente tem dificuldade
para lembrar-se deste período e cujos pais já são mais velhos. O
limite de idade foi modificado para 12 anos, algo que alguns grupos
de pesquisa já vinham fazendo anteriormente.
Os “subtipos”
foram retirados do manual; ao invés disso, optou-se pelo emprego do
termo “apresentação”, denotando que o perfil de sintomas
atuais pode se modificar com o tempo (o que é bastante comum). O
termo “subtipo” favorecia uma interpretação errada que aquela
era uma “subcategoria” estável, fixa, do TDAH. As apresentações
mantem as mesmas “divisões” que os antigos subtipos: com
predomínio de desatenção, com predomínio de
hiperatividade-impulsividade e apresentação combinada.
O novo DSM-V traz a
opção de TDAH com Remissão Parcial, que deve ser empregado
naqueles casos onde houve diagnóstico pleno de TDAH anteriormente
(isto é, de acordo com todos os critérios), porém com um menor
numero de sintomas atuais.
Uma última novidade
desta quinta edição é a possibilidade de se classificar o TDAH em
Leve, Moderado e Grave, de acordo com o grau de comprometimento que
os sintomas causam na vida do indivíduo.
A DSM-V recebeu
algumas críticas por parte da imprensa e de alguns pesquisadores,
porém nenhuma das críticas apresentadas com relação ao
diagnóstico de TDAH foi fundamentada em resultado de pesquisa
científica, mas sim em meras “opiniões pessoais”, algo que é
obviamente inaceitável nos tempos modernos. Cabe ressaltar que o
uso do DSM-V tem como maior benefício padronizar diagnósticos
clínicos (mesmo que de modo imperfeito), diminuindo a variabilidade
que ocorreria caso cada pesquisador tivesse sua “opinião pessoal”
sobre o assunto. Não seria possível, por exemplo, comparar os
resultados de um tratamento realizado por uma equipe X com aqueles
realizados por outra equipe Y, se cada uma delas chamar de “TDAH”
um quadro clínico muito diferente. Por fim, é importante dizer que
os critérios do sistema DSM-V devem ser investigados por um
profissional com experiência clínica. Por motivos óbvios, não é
possível fazer um diagnóstico definitivo conhecendo apenas a lista
de sintomas que caracteriza uma determinada doença.
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