Diagnóstico do Autismo
No Brasil, o diagnóstico do autismo oficial é organizado pelo CID-10, código internacional de doenças, décima edição. No entanto, é importante saber que o diagnóstico do Autismo
e de outros quadros do espectro são obtidos através de observação
clínica e pela história referida pelos pais ou responsáveis. Assim, não
existem marcadores biológicos que definam o quadro. Alguns exames
laboratoriais podem permitir a compreensão de fatores associados a ele,
mas ainda assim o diagnóstico do autismo é clínico.
Além da CID-10, outros manuais
procuraram organizar o entendimento das doenças. Entre eles, tem sido
bastante utilizado o Manual de Classificação de Doenças Mentais da
Associação Americana de Psiquiatria, o DSM, que está na 4a edição. O
DSM-IV é relativamente parecido com o CID-10. Sua nova edição, porém, o
DSM-V, que está sendo preparada para ser lançada em 2013, prevê muitas
modificações na organização do diagnóstico do autismo. A
principal será a eliminação das categorias Autismo, síndrome de
Asperger, Transtorno Desintegrativo e Transtorno Global do
Desenvolvimento Sem Outra Especificação. Existirá apenas uma
denominação: Transtornos do Espectro Autista.
Essa decisão baseia-se principalmente no
conhecimento acumulado. Por meio dele sabemos que é relativamente
fácil reconhecer que uma pessoa pertence ao grupo de transtorno global.
Nem sempre, porém, é possível determinar se o quadro é compatível com
autismo, Asperger, etc.
A seguir apresentamos a proposta atual
para o DSM-V e as justificativas dos seus proponentes, cuja versão
original pode ser acessada em:
DSM-V : Transtorno do Espectro do Autismo
Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 abaixo:
1. Déficits clinicamente significativos e
persistentes na comunicação social e nas interações sociais,
manifestadas de todas as maneiras seguintes:
a. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;
b. Falta de reciprocidade social;
c. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.
2. Padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas
das maneiras abaixo:
a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;
b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;
c. Interesses restritos, fixos e intensos.
3. Os sintomas devem estar presentes no
início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as
demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
Justificativas:
A. Novo nome para a categoria,
Transtorno do Espectro do Autismo, que inclui transtorno autístico
(autismo), transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da
infância, e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra
especificação.
A diferenciação entre Transtorno do
Espectro do Autismo, desenvolvimento típico/normal e de outros
transtornos “fora do espectro” é feita com segurança e com validade. No
entanto, as distinções entre os transtornos têm se mostrado
inconsistentes com o passar do tempo. Variáveis dependentes do ambiente,
e frequentemente associadas à gravidade, nível de linguagem ou
inteligência, parecem contribuir mais do que as características do
transtorno.
Como o autismo é definido por um
conjunto comum de sintomas, estamos admitindo que ele seja melhor
representado por uma única categoria diagnóstica, adaptável conforme
apresentação clínica individual, que permite incluir especificidades
clínicas como, por exemplo, transtornos genéticos conhecidos, epilepsia,
deficiência intelectual e outros. Um transtorno na forma de espectro
único, reflete melhor o estágio de conhecimento sobre a patologia e sua
apresentação clínica. Previamente, os critérios eram equivalentes a
tentar “separar joio do trigo”.
B. Três domínios se tornam dois:
1) Deficiências sociais e de comunicação;
2) Interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos.
Déficits na comunicação e comportamentos
sociais são inseparáveis, e avaliados mais acuradamente quando
observados como um único conjunto de sintomas com especificidades
contextuais e ambientais.
Atrasos de linguagem não são
características exclusivas dos transtornos do espectro do autismo e nem
universais dentro dele. Podem ser definidos, mais apropriadamente, como
fatores que influenciam nos sintomas clínicos de TEA, e não como
critérios do diagnóstico do autismo para esses transtornos.
Exigir que ambos os critérios sejam completamente preenchidos, melhora a especificidade diagnóstico do autismo sem prejudicar sua sensibilidade.
Fornecer exemplos a serem incluídos em
subdomínios, para uma série de idades cronológicas e níveis de
linguagem, aumenta a sensibilidade ao longo dos níveis de gravidade, de
leve ao mais grave, e ao mesmo tempo mantém a especificidade que temos
quando usamos apenas dois domínios.
A decisão foi baseada em revisão de
literatura, consultas a especialistas e discussões de grupos de
trabalho. Foi confirmada pelos resultados de análises secundárias dos
dados feitas pelo CPEA e pelo STAART, Universidade de Michigan, e pelas
bases de dados da Simons Simplex Collection.
Muitos critérios sociais e de comunicação foram unidos e simplificados para esclarecer os requerimentos do diagnóstico do autismo.
No DSM IV, critérios múltiplos avaliam o mesmo sintoma e por isso trazem peso excessivo ao ato de diagnosticar.
Unir os domínios social e de comunicação, requer uma nova abordagem dos critérios.
Foram conduzidas análises sobre os
sintomas sociais e de comunicação para estabelecer os conjuntos mais
sensíveis e específicos de sintomas, bem como os de descrições de
critérios para uma série de idades e níveis de linguagem.
Exigir duas manifestações de sintomas
para comportamento repetitivos e interesses fixos e focados, melhora a
especificidade dos critérios, sem perdas significativas na
sensibilidade. A necessidade de fontes múltiplas de informação,
incluindo observação clínica especializada e relatos de pais, cuidadores
e professores, é ressaltada pela necessidade de atendermos uma
proporção mais alta de critérios.
A presença, via observação clínica e
relatos do(s) cuidador(es), de uma história de interesses fixos, rotinas
ou rituais e comportamentos repetitivos, aumenta consideravelmente a
estabilidade do diagnóstico do autismo do espectro do autismo ao longo do tempo, e reforça a diferenciação entre TEA e os outros transtornos.
A reorganização dos subdomínios, aumenta
a clareza e continua a fornecer sensibilidade adequada, ao mesmo tempo
que melhora a especificidade necessária através de exemplos de
diferentes faixas de idade e níveis de linguagem.
Comportamentos sensoriais incomuns, são
explicitamente incluídos dentro de um subdomínio de comportamentos
motores e verbais estereotipados, aumentando a especificação daqueles
diferentes que podem ser codificados dentro desse domínio, com exemplos
particularmente relevantes para crianças mais novas.
C. O Transtorno do Espectro do Autismo é
um transtorno do desenvolvimento neurológico, e deve estar presente
desde o nascimento ou começo da infância, mas pode não ser detectado
antes, por conta das demandas sociais mínimas na mais tenra infância, e
do intenso apoio dos pais ou cuidadores nos primeiros anos de vida.
fonte: http://www.autismoerealidade.com.br/informe-se/sobre-o-autismo/diagnosticos-do-autismo/
Parabéns ótimas informações seu blog, obrigada por multiplicar conhecimentos, abraço!
ResponderExcluirhttp://atividadespedagogicasprofgracilene.blogspot.com.br/